Quinta-feira, 16 de Julho de 2015

Verão é paixão, é cerveja, é bikinis e é abandonar o Piruças.

As pessoas abandonam animais. As pessoas pegam no seu animal de estimação e deixam-no para trás. As pessoas pegam no seu cão ou no seu gato e tiram-no do carro e arrancam.

Eu tenho de dizer isto de várias maneiras até conseguir interiorizar o que isto significa. É porque eu não tenho referência nenhuma do que será esse momento. Nunca vi. Não sei se é mesmo ingenuidade. Para vos ser sincera é como as pessoas que emagrecem a fazer a dieta dos hidratos de carbono, tu sabes que existe mas nunca viste realmente.

 

Estatisticamente, eu tenho de conhecer uma ou mais pessoas que já abandonaram um animal. Caso seja algum de vocês, quero aproveitar e desmistificar já aqui uma coisa: vão para o caralho. Vocês são um nojo de gente. Um certo tipo de humanos que me faz ter vergonha da espécie. Espero, do fundo do meu coração, que se no futuro, derem por vocês acamados num quarto que não é o vosso, rodeados de pessoas que não conhecem, a comer a mesma refeição semana após semana, com a fralda trocada a cada quinze dias: Parabéns, estarão a falecer num lar clandestino.

 

Há um mês, exactamente, estava a voltar para casa a pé com uma amiga minha, depois de um café ao fim da tarde, quando encontramos um bebé canídeo no pinhal, completamente sozinho. Pegámos imediatamente nele e trouxemos para casa. Ele não comeu as primeiras refeições, ele engoliu-as, ao ponto de me fazer sempre chorar. Como é que alguém deixa um cachorro assim? Nunca na vida que abandonariam esta maravilha. Não. Que estupidez. De certeza que está perdido. Informei cafés, bomba de gasolina, vizinhos. No veterinário verificaram que não tinha chip. Procurei cartazes afixados na vizinhança. Nada. Até que o dono de um dos cafés disse: "Ah, esse cachorro? Já está aí na rua há mais de uma semana!" COMO ASSIM? E ninguém o apanhou? Caramba, foi mesmo abandonado. Não acredito. Um mês passou e o Jorge Carlin (nome espectacular, modéstia à parte) é um cão encontrado. Muitas vezes nos quartos a roubar sapatos ou na dispensa a roer a esfregona. É um pequeno príncipe e não foi só a ele que lhe saiu a sorte grande, a nós também. Se bem que quando estraga os canteiros ou peças de vestuário, goste de o ameaçar que volta para o pinhal. Descansem, eu não estou a falar a sério e ele não percebe. É o mais próximo que tenho da ameaça parental "olha que vais para o teu quarto de castigo". O Jorge é a minha espécie de filho, sendo que já tenho um mais velhote, também encontrado debaixo de umas telhas numa obra. Tenho o telefone cheio de vídeos e fotografias dele e obrigo as pessoas a vê-las, quando vai à médica fico sempre nervosinha e adoro vê-lo brincar com os amigos que já fez. Sim, eu sou esta pessoa. Que nojo. Estou uma mãe autêntica. Como não sabíamos a data exacta do nascimento, a veterinária pô-lo a nascer dia 1 de Abril. Achámos graça, já que abandoná-lo foi uma autêntica partida de muito mau gosto. Claro que se vai portar mal. Claro que vai crescer. Claro que vou ter despesas. Mas faz parte da família, é um compromisso. Se tiver que abdicar de alguém mais depressa será o meu avô. *

 

Ontem li uma notícia que dava conta da quantidade de chiuauas que são abandonados por deixarem de ter, E ISTO É GENIAL, o tamanho correcto para as malinhas de passeio ao ombro. Que maravilha! Era bater-lhes com as bolsinhas cheias de betão armado na tromba. E hoje voltei a ver 4 casos de cães abandonados no meu feed de facebook…Acho, verdadeiramente, inacreditável. E as histórias que acompanham as fotografias surreais, também são surreais. Se o Allan Poe tivesse vivo, não conseguia escrever cenários mais assustadores que aqueles. Hoje foi de uma cadelita deixada no meio da rua dentro de uma caixa com a cabeça de fora. Chega a um ponto onde começo a achar que estes sociopatas estão em alguma espécie de concurso de criatividade de atrasos mentais. Agora fez-se luz, as pessoas não abandonam os seus animais. As pessoas abandonam a sua dignidade e a sua moral e a sua consciência.

 

Faço parte daquelas pessoas que gostava de ser rica para ter uma casa cheia de animais. E ser sócia de uma empresa de detergentes e ambientadores, também. Mas não os posso ter, como muitos de vocês não podem. Paciência. Podem sempre apadrinhar um animal de uma instituição (como esta que tive o prazer de conhecer a apadrinhar) e vê-lo e passea-lo sempre que queiram. Ter um ser vivo mas não ter as condições para ele ser feliz é como ver a Miley Cyrus arranjar namorado.

 

Ah, já que me ouviram até aqui e estão com a disposição certa, fiquem a saber que ter animais, especialmente crias, em lojas de animais é doentio e devia ser alvo de alguma atitude consequente como esta: http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT75563

 

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* ahahah. Estou a gozar. Eu já não tenho avô.

publicado por Cátia Domingues às 18:56
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