Quarta-feira, 7 de Dezembro de 2011

24

Ter 24 anos é uma merda. Desculpem começar desta maneira mas é mesmo isto que me está a incomodar.

 

As crises de humor,  os dramas existenciais. a frustração pelo que é, mas que nos irrita especialmente, porque se calhar devia ser de outra maneira embora não saibamos se é necessariamente melhor, mas que por ter 24 anos se torna a coisa mais grave e urgente do mundo. Somos novos para umas coisas e já passámos do prazo para outras. Preocupa-nos mais a velhice…começamos a odiar esta palavra também. 

 

Ter 24 anos é uma merda. Sei que também me queixei de ter 23, mas 23 é uma idade que tem um estilo de número simpático…mas que só percebes isso quando os 24 te batem à porta com um bolo de pão-de-ló do supermercado com uma hóstia a dizer 'parabéns'. Já nem sequer tem o nosso nome escrito a chocolate. Facto.

 

Tenho quase 25 anos. Vivo os 24 como se estivesse numa sala de espera para uma operação ao apêndice. Não faz a mínima diferença mas a verdade é que a ansiedade e preocupação tiram-nos anos de vida. É começar a pensar nos próximos 10 anos e não ter a mínima ideia do que é que queremos ou o que a vida vai querer de nós. Somos livres mas não sabemos o que fazer com tamanha responsabilidade. Assusta-nos e criamos labirintos em nós próprios aprisionando-nos do resto.

 

Que merda ter 24. Apercebermo-nos que a vida, e que as quedas, são cada vez mais frequentes e cada vez mais profundas. Deixas de te arranhar tanto no arame farpado mas as feridas demoram muito mais tempo a sarar. Sentes que a maioria das pessoas não quer saber disso,  porque, o que na adolescência era normal, agora é só chato e tornas-te mais egoísta porque a vida agora é a doer. Dar por nós a viver e a pensar de uma forma estranha, que, por vezes, nos faz pensar "isto é-me familiar" e percebes que era a tua mãe que costumava dizer essas coisas. Raciocínio de adultos que é cada vez mais incontrolável e que nos fazem tratar mais da pele. 

 

Que bela merda que são os 24. É onde começam a surgir oportunidades e desgraças que nos podem definir a vida a longo prazo e nem nos damos conta. Questões como: viver sozinha, trabalhar no estrangeiro, "não quero uma relação só pelo físico"..tudo isto oleia a nossa engrenagem cerebral.

 

Que responsabilidade monstruosa ter 24. As escolhas que fazemos são mais nossas. Não podemos culpar tanto os outros e escondermo-nos atrás da saia da mãe quando as coisas correm mal. É verdade que criamos outros argumentos, nomeadamente uma das que se torna a nossa frase favorita: estou cansada. Estamos sempre cansados.

O medo chega a ser por vezes avassalador..e em doses industriais:  o medo da decisão, ou de ficar sozinho, ou do dia de amanhã que tenho uma entrevista de emprego. Mas também é verdade que o êxtase que sentimos quando fazemos algo de bom, alguma coisa que correu bem e deu certo, é orgásmico. É nosso. Esfregamo-lo na cara de todos porque nos saiu do corpo. 

 

Não é todos os dias que se tem 24. Apaixonamo-nos de verdade, e às vezes a fingir, que a sensação chega a ser igual, e vivemos essa combustão de uma forma mais intensa que antes. O sexo é melhor. É mais ir para a cama do que mandar uma. Os jogos mentais são mais construtivos, é como deixar para trás o jogo de snake e preferir um puzzle de 1000 peças.

 

Aos 24 olhas para o outro a pensar se é aquele. Percebes que achas graça a tipos mais velhos. Aprecias mais jantar fora com os teus amigos e com os outros que pensas serem aqueles. E, na altura de escolherem o sítio, já se esqueceram dos 12€ com bebida à descrição e preferem ir a um que esteja na moda. É beberem vinho em alturas que bebiam cerveja, e gin tónico quando bebiam shots de 1€. Telefonas mais vezes  e mandas menos sms's. As formas interessam-te mas o conteúdo fascina-te. Desiludes-te mais do que queres mas o quanto precisas. Acreditas menos nos contos de fadas e em fantasias comerciais..e, por vezes, se acreditas é porque queres. Começas a perceber mais do que és porque tens menos tempo livre. Surpreendemo-nos connosco tantas vezes. Sentes o tempo a correr muitas vezes contigo pela mão e outras sem ti…e é quando o tempo passa mais devagar que percebes que alguma coisa tem de mudar. Começas a perceber que para as coisas mudarem és tu que tens de mudar, mas lá está, isso é algo que também vai demorar o seu tempo.

 

Os 24 anos são deprimentes, chatos…mas tu também.

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publicado por Cátia Domingues às 12:21
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